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TDAH ou Sobrecarga de Estímulos? Como diferenciar desafios modernos de atenção do transtorno

  • flaviojrcontextuai
  • 27 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Por Flávio Jr. S. Oliveira


Introdução

Vivemos em uma era de hiperconectividade, onde as demandas do ambiente digital afetam profundamente nossa capacidade de atenção. A imagem de um homem mexendo no celular enquanto almoça exemplifica como a multitarefa se tornou rotina, dividindo nosso foco entre inúmeras atividades. Entretanto, comportamentos de atenção fragmentada não são necessariamente indicativos de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), uma condição neurobiológica com características específicas. Entender essa diferença é crucial para evitar o autodiagnóstico equivocado e abordar os desafios de atenção de forma adequada.


TDAH: Um Transtorno Neurobiológico

O TDAH é caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, frequentemente associado a alterações no funcionamento dopaminérgico e noradrenérgico. Suas raízes incluem componentes genéticos e estruturais no cérebro, afetando áreas responsáveis pelo controle executivo (Biederman, 2005).

Por exemplo, crianças e adultos com TDAH podem ter dificuldade em manter atenção em tarefas monótonas, planejar ações e controlar impulsos. Além disso, esses sintomas são consistentes e prejudicam o desempenho acadêmico, social e ocupacional ao longo da vida (Wilens et al., 2002).


Atenção no Ambiente Moderno

O ambiente digital tem imposto desafios únicos à atenção, levando a comportamentos como:

  • Usar o celular durante refeições: Responder mensagens ou navegar enquanto come prejudica tanto a experiência da refeição quanto o processamento das informações recebidas.

  • Estudar com notificações ativadas: Cada alerta interrompe o fluxo de concentração, afetando o aprendizado.

  • Assistir séries enquanto trabalha: Dividir o foco entre lazer e produtividade pode levar a erros e atrasos nas tarefas.

Esses hábitos fragmentam nossa atenção e criam a falsa sensação de produtividade, mas não caracterizam TDAH. Estudos mostram que essa fragmentação é uma resposta adaptativa ao excesso de estímulos ambientais (Burns & Becker, 2019).


O Risco do Autodiagnóstico

Com a popularização de informações sobre TDAH, muitas pessoas confundem dificuldades atencionais causadas pelo ambiente com sintomas do transtorno. Isso pode levar a diagnósticos errados ou ao uso inadequado de medicamentos. De fato, o diagnóstico de TDAH requer avaliação criteriosa por profissionais, considerando histórico, sintomas persistentes e impacto na vida diária (Wilens & Dodson, 2004).


Diferenciar é Fundamental

  1. Comportamentos cotidianos de atenção reduzida: Resultam de estímulos excessivos, como multitarefa, notificações constantes e ambientes digitais altamente dinâmicos.

  2. Características do TDAH: Incluem dificuldades persistentes e significativas, que afetam múltiplos aspectos da vida, independentemente do contexto ambiental.


Conclusão

Enquanto a atenção moderna sofre com o excesso de estímulos, o TDAH é um transtorno neurobiológico que exige diagnóstico e tratamento específicos. Evitar o autodiagnóstico e entender as diferenças entre essas condições é essencial para promover saúde mental e bem-estar em um mundo hiperconectado.


Referências

  • Wilens, T., Biederman, J., & Spencer, T. (2002). Attention-deficit/hyperactivity disorder across the lifespan. Annual Review of Medicine.

  • Biederman, J. (2005). Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder: A Selective Overview. Biological Psychiatry.

  • Burns, G., & Becker, S. (2019). Sluggish Cognitive Tempo and ADHD Symptoms in a Nationally Representative Sample of U.S. Children: Differentiation Using Categorical and Dimensional Approaches. Journal of Clinical Child & Adolescent Psychology.

  • Wilens, T., & Dodson, W. (2004). A clinical perspective of attention-deficit/hyperactivity disorder into adulthood. The Journal of Clinical Psychiatry.

 
 
 

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