Prazer, me chamo Chatonilda!

Uma das coisas mais curiosas que me deparo em minha prática clínica é o quanto as pessoas lutam contra os seus sentimentos.

Elas(es) dizem: Vim aqui porque não quero mais me sentir ansiosa(o)! A ansiedade atrapalha a minha vida! Me preocupo muito! Quero parar de pensar nisso!

Quando as pessoas me pedem isso há uma parte de mim que pensa: Ok! É justo você querer não sentir ansiedade, afinal, ela tem atrapalhado tanto a sua vida! Ao mesmo tempo, sei que isto é impossível, sua ansiedade ainda será uma companheira. Precisaremos aprender a caminhar com ela!

Eu mesmo caminho com a minha todos os dias. Há dias em que ela está bem amigável, dando até espaço para outras tantas emoções existirem (p. ex., alegria, saudade, tristeza, ciúme, curiosidade...). Dei um nome à minha ansiedade: chama-se chatonilda!

Chatonilda por vezes é crítica, muito sonhadora, insegura, preocupada!!! Ao mesmo tempo, ela me prepara para ultrapassar meus limites. Ela também cuida de mim!

E uma das coisas mais importantes que tenho aprendido com ela é que podemos ser amigos; ela cuida de mim e eu cuido dela. Como todo ser humano, tem horas que quero dar um chute em sua bunda!!! Vá para lá!!! Mas lembro que já tentei tantas vezes isso e ela sempre volta. Então, que tal eu caminhar com ela e ao mesmo tempo fazer aquilo que é importante para mim? Como, por exemplo, compartilhar isso com vocês!

Então, a todos meus pacientes, amigos, professores e desconhecidos eu reitero a pergunta: Como sua vida seria se a ansiedade não fosse um obstáculo em sua vida?

O que diferente estaria fazendo, aqui e agora? E eu respondo, eu estaria fazendo exatamente isso que estou fazendo agora!

Faça o que faz sentido para você, ainda que a sua chatonilda mental esteja dizendo que é para você se esconder debaixo da cama!!

Obviamente, há momentos em que nossa ansiedade é tão incapacitante que fazer o que é importante é tão doloroso que nos paralisa. É necessário reconhecer nossos limites e procurar ajuda sempre que possível.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. Segundo estimativas divulgadas em maio de 2020, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população.

Flávio Jr. S. de Oliveira

Especialista em Terapias Contextuais CEFI Porto Alegre-RS

CRP 21º 02842